img



CULTURA

Mostra Intraduzível reúne em Florianópolis pesquisadores que aproximam arte e ciência

Publicado em 31/07/2018


Divulgação / Assessoria de Imprensa
Mostra Intraduzível reúne em Florianópolis pesquisadores que aproximam arte e ciência

Henna e Silvana




Projeto abre dia 2 de agosto, no MIS

Com carreira artística iniciada nos anos 1990, Silvana Macêdo alcança reconhecimento pela amplitude de suas pesquisas que, em diferentes linguagens, aproximam arte, ciência e feminismo, entre outras abordagens. Suas ações se situam no campo do artivismo, termo associado a experimentações estéticas que problematizam e adotam estratégias de discussão em torno de certas causas. No ano passado, período intenso e vibrante, expôs pinturas, gravuras, fotografias, instalações e conquistou o Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura para realizar o projeto Intraduzível, que abre no dia 2 de agosto, às 19h, no MIS (Museu da Imagem e do Som de Santa Catarina), em Florianópolis.

Ao reunir trabalhos realizados com diferentes colaboradores ao longo de sua trajetória, a artista propõe um estudo da sua obra entre 1997 até 2017. A mostra Intraduzível, com curadoria de Juliana Crispe, traz trabalhos inéditos no Brasil criados em colaboração com a artista finlandesa Henna Asikainen, o compositor Frederico Macêdo e o astrofísico iraniano Reza Tavakol. A abertura prevê, às 20h, uma conversa com as artistas Henna Asikainen e Silvana Macêdo e a curadora Juliana Crispe. A produção executiva do projeto é da Lugar Específico, de Francine Goudel, e conta com o apoio da Arts Council England.

Henna estará no Brasil para a abertura, porque a exposição celebra os 20 anos de parceria artística com Silvana. Do montante desse período, elas atuaram por dez anos sem criar nada fora dessa colaboração exclusiva. Asikainen & Macêdo tornou-se uma marca associada a ações artísticas colaborativas, ambientais e sociais. No resultado formal de suas pesquisas, ambas misturam biografias e paisagens de países muito distintos, a Finlândia e o Brasil. Nessa constelação de motivos, a mostra assume um caráter retrospectivo.

Até o dia 9 de setembro, a exposição permite conhecer trabalhos realizados no Reino Unido, onde Silvana Macêdo estudou na Northumbria University, Newcastle. Voltada aos multimeios, ela investiga a complexa relação entre arte, ciência e natureza. Nascida em Goiânia em 1966, moradora de Florianópolis desde 2004, onde atua como professora do Departamento de Artes Visuais da Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina), ela pinta, grava e transita em pesquisa telepresença, tecnologias novas e antigas.

Os trabalhos que compõem a mostra são uma série de fotografias e as videoinstalações lab (2017), ar (2001-3), lua (2005-7), a videoinstalação sonora cooperari (2007) e a instalação trabalho de campo (2017)Um dos elementos centrais destas obras, explica Silvana Macêdo, é a noção de tradução, compreendida mais como uma dinâmica ao invés de uma influência, pois tradução está na base mas não é o tema. “Nessa prática estamos conscientes do processo tradutório, ou mais precisamente, da transformação que ela acarreta. Os trabalhos podem ser entendidos como envolvidos num processo tradutório, pois a representação da natureza pela arte e ciência pode ser compreendida como uma tentativa de traduzir a natureza através da linguagem artística e científica”, diz ela.

Arte & e ciências biológicas

As videoinstalações -  labarlua cooperari - estão interligadas ao trabalho “tradutório” de cientistas e artistas. ar foi realizado a partir de duas residências artísticas na Finlândia, no Parque Nacional de Koli, na Finlândia, e no Brasil, na Reserva Ducke, estação de pesquisa do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas), em diálogo com investigações de pesquisadores de mudança climática nos hemisférios norte e sul. A experiência nas residências está refletida na instalação ar etrabalho de campo.

Já lua originou do encontro com o cosmólogo Reza Tavakol em 2004. As pesquisas de Tavakol cobrem um amplo espectro, da astrofísica à dinâmica não-linear, mas seu interesse nos aspectos estéticos da ciência é que encontraram ressonância na prática artística que explora a interface entre arte, ciência e natureza. lua reflete os modos como a humanidade se relaciona com a natureza, ora se volta para contemplação estética, romantiza sua relação com o mundo, ao mesmo tempo que atua constantemente como agente poluidor do ambiente.

Se as questões centrais de ar e lua refletem sobre o impacto humano nas florestas, no ar e na água, cooperari evidencia a dinâmica (dialética) entre a cultura e a natureza em outros níveis. Construído em colaboração com o compositor Frederico Macêdo, foca em insetos sociais e oferece um rico campo para se estudar como contextos culturais interferem na maneira como interpretamos o comportamento animal.

“Com outros artistas e cientistas, na prática artística insistimos em tentar traduzir o intraduzível mistério do mundo natural, sem nunca realmente consegui-lo. ‘A coisa mais bonita que podemos experienciar é o mistério.  É a fonte de toda arte e ciência’, disse Albert Einstein. Significativamente, nunca poderemos ‘conhecer um mistério desvendando-o ou analisando-o até matá-lo, mas apenas de maneira a preservar o mistério como mistério’.”

Encontro e aprendizagem

A exposição agrega ações que apostam na aprendizagem, na troca de experiências, no encontro e em discussões. Paralelo à mostra, ocorrerão atividades gratuitas para que jovens e adultos possam vivenciar a proposta artística de forma mais ampla. Além de visita mediada, o projeto Intraduzível prevê uma fala, na abertura da exposição, no dia 2 de agosto, com artistas e curadora; no dia 29 de agosto, em parceria com o PPGAV/Udesc, um evento-palestra com Ana Ferreira Maio, artista, doutora e professora do Departamento de Artes Visuais da Furg (Universidade Federal do Rio Grande). A palestra Conversa Intraduzível abordará temas pesquisados por Ana Maio e buscará evidenciar a imagem como lugar da experiência por meio de uma conversa sobre situações cinema, videoinstalações, videoprojeções e outras tendências das imagens em movimento na contemporaneidade.

Nos dias 31 de agosto e 1º de setembro ocorrerá sob a supervisão de Silvana Macêdo o Festival de Vídeo 24h Arte & Meio Ambiente, que consiste de um encontro de três horas com apresentação de conteúdo teórico sobre a interlocução entre arte, ciência e natureza, seguido de parte prática para orientação coletiva de projetos em vídeo sobre o tema arte e meio ambiente, a serem desenvolvidos individualmente ou de modo colaborativo. O segundo encontro, 24 horas depois, servirá para apresentação dos vídeos criados pelos participantes, com exibição dos mesmos no MIS na última semana da exposição. Essas atividades, todas gratuitas, são abertas, voltadas sobretudo a estudantes de cinema, artes visuais, design ou áreas afins. No caso da oficina, requer conhecimento básico de edição de vídeo.

Cidadania, difusão, memória

O projeto Intraduzível está fundamentado na pesquisa de Silvana Macêdo e se relaciona diretamente com as atividades de ensino que ela desenvolve no Departamento de Artes Visuais do Centro de Artes da Udesc. A intenção é ampliar o acesso da população à cultura, as oportunidades de criação, a distribuição e fruição dos bens culturais e possibilitar a construção permanente de cidadania que incorpore a memória e a diversidade social. Nessa perspectiva, se busca contemplar a valorização da produção artística de Santa Catarina, difundir a multiplicidade de tendências e linguagens, fomentar atividades que interligam artistas de diferentes culturas, inclusive no panorama internacional; apoiar ações de caráter inovador ou experimental, além de impulsionar a preparação e o aperfeiçoamento de recursos humanos para a produção e a difusão cultural.









Shopping








Leia também ...



















Aqui tem mais notícias para você ler ...