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CULTURA

Café Philo: O totemismo além de Lévi-Strauss

Publicado em 27/06/2012


Café Philo: O totemismo além de Lévi-Strauss



Na confer?ncia do dia 27, poeta Sérgio Medeiros pensa o totemismo na arte a partir de Lévi-Strauss, que elevou o ?pensamento selvagem? ao mesmo patamar do raciocínio ?domesticado? ocidental. Um dos grandes pensadores do século 20, Lévi-Strauss tornou-se conhecido na França, onde seus estudos foram fundamentais para o desenvolvimento da antropologia.

 

Seria preciso muito mais que uma vida, muito mais que os 101 anos vividos pelo antropólogo Claude Lévi-Strauss para compreender a sua obra e a matéria viva que a inspira: o espírito selvagem. O encontro entre o pensamento francês e ocidental, caracterizado pela abstração, com o pensamento dito concreto dos povos ameríndios se faz por avanços e recuos, revisões críticas, contradições e encantamentos. Lévi-Straus viu na imagem do totem a representação mais bem acabada de uma lógica de raciocínio que ele chamou ironicamente de “selvagem” para contrastar com o raciocínio “domesticado” ou abstrato do homem ocidental. Sua grande contribuição foi desautorizar a relação de superioridade e mesmo de antagonismo entre um e outro. “Não se trata de pensamento dos selvagens, mas de pensamento selvagem”, cunhou o etnólogo.
 
Transitando entre a antropologia e a teoria literária, o poeta, professor e ensaísta Sérgio Medeiros tomou o pensamento totêmico como paradigma filosófico e emblema para sua produção poética. Medeiros comanda o próximo encontro do Café Philo deste semestre, no dia 27 de junho, às 19 horas, no auditório da Aliança Francesa, com uma conversa sobre “Claude Lévi-Strauss e o Totemismo”. A conferência é uma homenagem ao célebre antropólogo com quem trocou conhecimento no Laboratório de Antropologia Social, em Paris, onde realizou pesquisa sobre os heróis  
 
Jê entre 1994 e 1995. Desde então, Medeiros persegue o emblema do totem. Além de motivar suas pesquisas sobre a cosmogonia dos povos indígenas da Amazônia e os estudos de literatura comparada entre a arte de vanguarda e a lógica do pensamento dos povos ameríndios e orientais, a figura totêmica assombra a obra poética de diretor da Editora da UFSC. É o caso de Totens, seu último livro de poemas, publicado pela Iluminuras, que ele lança ao final do 43º encontro do Café Philo, um projeto de extensão do pesquisador Pedro de Souza, professor do curso de Pós-Graduação em Literatura, em parceria com a Aliança Francesa e a Secretaria de Cultura.
 
Quem é Claude Lévi-Strauss?
 
Um dos grandes pensadores do século 20, Lévi-Strauss tornou-se conhecido na França, onde seus estudos foram fundamentais para o desenvolvimento da antropologia. Filho de um artista e membro de uma família judia francesa intelectual, nasceu em novembro de 1908, em Bruxelas, e morreu em novembro de 2009, em Paris. De início, cursou leis e filosofia, mas descobriu na etnologia sua verdadeira paixão. No Brasil, lecionou sociologia na recém-fundada Universidade de São Paulo, de 1935 a 1939, e fez várias expedições ao Brasil central. É o registro dessas viagens, publicado no livro "Tristes Trópicos" (1955) que lhe trará a fama. Nessa obra ele conta como sua vocação de antropólogo nasceu durante as viagens ao interior do Brasil.
Exilado nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), foi professor nesse país nos anos 1950. Na França, continuou sua carreira acadêmica, fazendo parte do círculo intelectual de Jean Paul Sartre (1905-1980), e assumiu, em 1959, o departamento de Antropologia Social no College de France, onde ficou até se aposentar, em 1982.
 
O estudioso jamais aceitou a visão histórica da civilização ocidental como privilegiada e única. Sempre enfatizou que a mente selvagem é igual à civilizada. Sua crença de que as características humanas são as mesmas em toda parte surgiu nas incontáveis viagens que fez ao Brasil e nas visitas a tribos de índígenas das Américas do Sul e do Norte. O antropólogo passou mais da metade de sua vida estudando o comportamento dos índios americanos. O método usado por ele para estudar a organização social dessas tribos chama-se estruturalismo. "Estruturalismo", diz Lévi-Strauss, "é a procura por harmonias inovadoras".
 
Suas pesquisas, iniciadas a partir de premissas lingüísticas, deram à ciência contemporânea a teoria de como a mente humana trabalha. O indivíduo passa do estado natural ao cultural enquanto usa a linguagem, aprende a cozinhar, produz objetos etc. Nessa passagem, o homem obedece a leis que ele não criou: elas pertencem a um mecanismo do cérebro. Escreveu, em "O Pensamento Selvagem", que a língua é uma razão que tem suas razões - e estas são desconhecidas pelo ser humano.
 
Lévi-Strauss não vê o ser humano como um habitante privilegiado do universo, mas como uma espécie passageira que deixará apenas alguns traços de sua existência quando estiver extinta. Aos 97 anos, em 2005, recebeu o 17º Prêmio Internacional Catalunha, na Espanha. Declarou na ocasião: "Fico emocionado, porque estou na idade em que não se recebem nem se dão prêmios, pois sou muito velho para fazer parte de um corpo de jurados. Meu único desejo é um pouco mais de respeito para o mundo, que começou sem o ser humano e vai terminar sem ele - isso é algo que sempre deveríamos ter presente". (fonte: http://educacao.uol.com.br/biografias/claude-levi-strauss.jhtm)
 
O conferencista
 
Tradutor, ensaísta e poeta, Sérgio Rodrigues Medeiros é mestre em Letras e doutor em Letras na área de Teoria Literária e Literatura Comparada pela USP.  Atual diretor executivo da editora da UFSC, realizou estágio de pós-doutorado na Stanford University em 2001. Voltado para a pesquisa nas áreas de literatura, mitologia, escrita de viagem, poesia, poesia indígena e canto, publicou várias traduções e cinco livros de poesia.
No Brasil, lançou Figurantes Sexo vegetal, que teve também uma tradução completa publicada pela editora norte-americana Uno Press, e agora Totens, todos pela Iluminuras, de São Paulo. Sua poesia já foi traduzida para o inglês e o espanhol.  Traduziu na íntegra para o português, com revisão técnica de Gordon Brotherston (Stanford University), a cosmogonia maia-quiché Popol Vuh (Iluminuras, 2007), finalista do Prêmio Jabuti em 2008. Membro do Conselho Editorial da Revista de Estudos Mayas, da Universidade do Estado de Ohio. Em 2008, organizou Makunaíma e Jurupari (Perspectiva, 2002), que a Fundação Biblioteca Nacional incluiu em seu acervo.
 
SERVIÇO:
Café Philo – “Claude Lévi-Strauss e o Totemismo”
Conferencista: Sérgio Medeiros
Data: 27 de junho
Horário: 19 horas
Local: Aliança Francesa, rua Visconde de Ouro Preto, Centro
Entrada: Aberta ao público e gratuita
 
Textos e divulgação: Raquel Wandelli
Assessora de Comunicação da Secretaria de Cultura da UFSC

 









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