Sua originalidade reside no tipo de ruptura que ele introduz no racionalismo do século 17. Enquanto outros estudiosos opõem ao racionalismo a subjetividade ou a história, Bergson gera um novo modelo de pensamento. Sob o título “Henri Bergson e o problema de memória”, a conferência do historiador e professor da UFSC Marcos Montsyuma começa às 19 horas, na Fundação Badesc, na sala de oficinas.
Doutor em Letras pela Universidade de Paris, com uma tese sobre Aristóteles, Bergson constrói os seus preceitos sobre quatro fundamentos: a "intuição", a "durée", a "memória" e o "élan vital". O pensador acredita que o ser humano tem o poder de transcender a esfera do inteligível, para então vencer a face paralisante da moral e da religião e preservar o ímpeto criativo até exceder os limites do que ele chama de élan vital, o estímulo vivo que provém da divindade pessoal de cada indivíduo. Para Bergson, a “durée”, a duração de um acontecimento, não é uma unidade matemática objetiva, e sim uma percepção subjetiva de tempo-espaço. Sendo assim, segundo o autor, as convenções da prática científica são incompatíveis com a experiência vivida. A “memória” integra os diferentes momentos da “durée”, absolutamente diferentes entre si, mas unificados numa totalidade movente.
Bergson defende que a filosofia não só se distingue da ciência, como mantém com as coisas uma relação que é o oposto da relação científica. A partir de 1901 ele passa a integrar o Instituto de França, tornando-se membro da Academia Francesa em 1914. No ano de 1927, ganha o Prêmio Nobel de Literatura. Famoso, especialmente pela publicação de suas obras Matière et mémoire (Matéria e memória), de 1896, e L’Évolution créatrice (Evolução Criativa), lançada em 1907, é apreciado nas mais distintas áreas, seja na literatura, na neuropsicologia, no cinema, entre outros campos. Seus ensinamentos são amplamente absorvidos pelos acadêmicos e suas aulas no Liceu Henri 4o na École Normale Supérieure e no Collège de France amplamente disputadas.
Após a apresentação e do debate, os organizadores e parceiros do evento oferecerão um coffee-break. Projeto de extensão coordenado pelo professor de Literatura e Linguística Pedro de Souza, do Centro de Comunicação e Expressão da UFSC, o Café Philo é fruto de uma parceria entre a Aliança Francesa e Secretaria de Cultura da UFSC. Buscando promover o diálogo com um público independentemente de sua vinculação com o meio acadêmico, o projeto prevê reuniões quinzenais nas quartas-feiras, quando os participantes têm o privilégio de se aproximar da filosofia e de conhecer diferentes pensadores franceses clássicos ou contemporâneos sob o intermédio de um intelectual da atualidade. No próximo Café, no dia 22 de agosto, o palestrante Professor Oscar Calavia Saez falará sobre “Pierre Clastres e a Sociedade contra o estado”.
Sobre o palestrante
O professor e apresentador da conferência Marcos Montsuyuma tem graduação em História pela Universidade Federal do Acre (1985), mestrado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1990) e doutorado em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2003). É professor da Universidade Federal de Santa Catarina, presidente da Comissão Própria de Avaliação da UFSC e professor visitante na Universidade de Buenos Aires. Tem experiência na área de História Contemporânea e História do Brasil, com pesquisas voltadas principalmente para os seguintes temas: etnoconhecimento, extrativismo, cultura e meio ambiente, Amazônia, história oral, meio ambiente e fontes orais, gênero e meio ambiente, história e memória.
Serviço
Quando: 8 de agosto, às 19 horas
O quê: 44º Café Phillo
Quem: Professor Marcos Montsuyuma, sob o tema “Henri Bergson e o problema de memória”
Onde: Fundação Badesc – sala de oficinas (2º andar).
Rua Visconde de Ouro Preto, 216 (Esquina com a rua Artista Bittencourt) – Centro, Florianópolis / SC
Quanto: Gratuito, aberto ao público.
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