Encontro reúne pela primeira vez transplantados de córnea em Hospital de Florianópolis

O Brasil continua na corrida por doadores de órgãos. O Ministério da Saúde tem como meta para 2018 superar o maior número de doação de órgãos desde 2014, quando a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) registrou 7.898 órgãos doados.

Para alcançar a meta, é preciso contar com a solidariedade de centenas de famílias que diariamente sofrem com a perda de um familiar. Mais do que isso, entender que a doação pode significar o recomeço para quem recebe.

Foi exatamente esse o pensamento da Dona Gedalva Gorges, quando recebeu a notícia de que o filho Ricardo Gorges tinha sofrido uma parada-cardíaca após um acidente de moto e não resistiu. Entre o sofrimento e aceitação, ela logo pensou na atitude que o filho teria. Ricardo sempre foi engajado em causas sociais e voluntariado. A mãe não teve dúvidas e fez a doação das córneas, único órgão que pode ser doado para transplante, por conta da parada-cardíaca. Quase cinco anos depois, Dona Gedalva tem a certeza de que fez a escolha certa, afinal, a decisão dela, naquele momento, mudou a vida de uma outra pessoa, que ganhou a oportunidade de voltar a enxergar o mundo. Toda essa história ela relembrou, emocionada, num encontro que teve com familiares e transplantados, durante o I Encontro de Transplantados do Hospital de Olhos de Florianópolis (HOF), realizado para celebrar o Dia Nacional de Doação de Órgãos.

O evento reuniu, nesta quinta-feira, pacientes e familiares, equipe médica de transplantes do HOF e a SC Transplantes, para um momento de troca de conhecimento, relatos e histórias, discussões sobre aspectos psicológicos de pós-transplante, e uma conversa sobre a importância da doação de órgãos e dos cuidados necessários quando se está na fila de espera por um transplante.

Em Santa Catarina hoje, apenas 70 pacientes estão na fila de espera de córneas. Mas outras centenas aguardam por outros órgãos também. Para se ter uma ideia da importância da doação de órgãos, um doador que tem morte encefálica salva até 14 vidas. Essa pessoa pode doar as duas córneas, dois pulmões, pâncreas, os dois rins, coração, pele, ossos, entre outros.

A supervisora da equipe técnica da SC Transplantes, Silvana da Silva Wagner, que palestrou durante o encontro, explica que é preciso entender a doação como uma importante ferramenta social que se estende por todas as pessoas envolvidas nesse processo, já que o paciente que está na fila de espera já não tem mais opções de tratamento, a única chance é o transplante. “É importante para a família doadora, pois com a atitude acaba tendo uma situação de consolo no momento do luto. Pelo fato de saber que conseguiu ajudar outras pessoas. É importante para quem espera pelo transplante, pois ganha a oportunidade de concorrer aquele órgão, e ter a chance de ser selecionado para o transplante, com a esperança de continuar sua vida”, conclui.

Só no primeiro semestre de 2018, conforme dados da Central Estadual de Transplantes de Santa Catarina, já foram realizados 243 transplantes de córneas, somando rede pública e privada. Um dos centros médicos credenciados pela Central é o HOF, que nos últimos cinco anos – entre janeiro de 2014 a agosto de 2018 – já fez 228 procedimentos deste tipo, todos comandados pelo médico oftalmologista Ernani Garcia, responsável pelo evento.  “É preciso conscientizar. E esse é um dos objetivos do Encontro”, finaliza Ernani Garcia, que pela primeira vez reuniu alguns de seus pacientes. “A experiência foi riquíssima, o que nos motiva a repetir mais vezes.”

Com informações da Assessoria de Imprensa