A Lei Seca e a falta de estrutura no transporte público em Florianópolis

Sou sócia-proprietária de uma choperia em Florianópolis, sendo assim, a lei seca me afeta diretamente, mas nem por isso sou contra. O que quero salientar neste texto é a verdadeira “confecção” da lei, pois acho que os legisladores não pensam em todos os lados quando fazem uma determinada lei. Neste caso, a lei seca será muito bem aplicada em cidades onde a estrutura de transportes (público e privado) existe e funciona adequadamente, o que não é o caso de Florianópolis.

Infelizmente, aqui, temos um sistema de transporte público defasado e o transporte privado (táxis e vans) que poderiam auxiliar no processo, são poucos e não atendem a necessidade da população.

Se eu quiser sair para ir a um restaurante, quiser beber uma garrafa de vinho, por exemplo, o correto seria eu ir de ônibus ou de táxi, certo? Pois é, ai que está o problema, hoje em Florianópolis, se quisermos ir do norte da ilha até a um restaurante na Lagoa da Conceição, iremos pagar entre ida e volta mais do que, provavelmente, a conta do restaurante. Ônibus? Se for à noite então, nem pensar, pois o sistema de ônibus não possui sincronismo entre os terminais, e podemos ficar um bom tempo parado em um terminal esperando uma conexão (aliás, é isto que acontece todos os dias com os trabalhadores desta cidade!).

Então, qual é a solução? Ou eu faço um jantarzinho em casa ou saio e não bebo, mas e ai, onde fica o meu direito de poder sair, passear, poder comemorar uma data especial?

Nas outras cidades onde a lei seca está tendo êxito, o transporte público funciona, o transporte privado funciona ... Existem ônibus em diversos horários, os táxis são muitos e te atendem quando você solicita ....

Então, será que não é hora de se pensar em realmente fazer algo em relação aos transportes na cidade, de pensar no simples fato que isto vai ajudar a toda a população, que poderíamos deixar nossos carros em casa, que as pessoas que dependem deste meio consiga ir e vir com mais agilidade.

Compara-se muito Florianópolis com cidades turísticas mundiais (Ibiza, Barcelona, Lisboa, ...) mas estamos muito longe de ser uma cidade turística como elas. Não temos estrutura para isto, não se pode querer que sejamos um pólo turístico se temos tantas falhas, e a lei seca que estou usando como exemplo, é só a ponta do iceberg muito maior.

Temos muitos problemas, mas se o começo da solução dos problemas puder ser o transporte, isto vai ajudar inclusive na aplicação de leis, como a lei seca, as pessoas poderão sair de casa com consciência, poderão deixar seus carros em casa, poderão ir de ônibus ou de táxi, se assim preferirem, os restaurantes/bares terão mais movimento, mais colaboradores serão necessários, mais fornecedores serão utilizados, e o ciclo continuará funcionando normalmente. E toda a população será beneficiada de alguma maneira.

Fátima Bernardi
Empresária